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sábado, 19 de novembro de 2011

Aborto

Este é um tema bastante polêmico e chega até a ser temido, a descriminalização do aborto. Por ser considerado um pecado pela maioria das religiões e um crime pela nossa legislação, as pessoas já o associam a algo imoral e pensam que a sociedade não necessita debater algo que já é criminalizado e por isso pouco se fala no assunto. Basta observar o alarde que as igrejas e outros segmentos fundamentalistas fizeram quando foi cogitada a possibilidade de se discutir o assunto no país durante essas últimas eleições. E não é bom que a sociedade tome decisões dessa forma, por meio de valores religiosos e moralistas deixando de lado a racionalidade.
Descriminalizar o aborto não significa promove-lo, significa que punir criminalmente uma mulher por tal ato não é o melhor caminho a ser seguido. A descriminalização não implica dizer que haverá uma aceitação e um incentivo da sociedade e nem que o número de abortos irá aumentar, e também não é uma desvalorização da vida, pelo contrario, pois irá poupar a vida de varias mulheres que de qualquer forma abortariam, mas que na clandestinidade correm muito mais risco de morte. E para os mais conservadores que disserem, “se forem legalizar todos os crimes que o Estado não contém o mundo tá perdido, daqui uns dias vão legalizar o homicídio, a pedofilia e assim por diante”, não é bem assim, nesse caso a descriminalização daria mais valor à vida e mais independência à mulher que seria de fato dona do seu corpo sem precisar correr risco de vida para ter esse direito, então é questão de bom senso ver que legalizá-lo é melhor que criminalizá-lo.
Um aborto clandestino feito em uma clinica custa caro, só pode ser feito por alguma família com condições financeiras razoáveis, que não será descriminada por tal ato, pois tudo é feito as escondidas, e aquelas que não têm essas condições fazem esse procedimento em casa, e assim é notório o risco que essa mulher está exposta, notório também é o preconceito de classes embutido nessa criminalização, quem pode pagar uma clinica particular aborta com tranqüilidade, quem não pode aborta correndo risco de vida, risco que não existiria caso esse serviço fosse oferecido em rede pública de saúde e seria mais barato para o Estado fazer esse aborto do que cuidar de uma pessoa que abortou em condições de risco que precisa de medicamento, leito por vários dias, às vezes até de uma unidade de tratamento intensivo.
Criminalizar o aborto promove muito mais a morte do que a vida, dar mais despesa para o país e fere um direito básico da humanidade, a liberdade. Mas infelizmente a legislação é pensada por conservadores, religiosos e hipócritas, o que acaba excluindo o bom senso e a racionalidade das decisões tomadas.


André Ferreira
Força! 

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